Estava preparando uma aula sobre lean e comecei a comparar o que este pensamento propõe com o que é aplicado nos negócios que passam ou passaram pela consultoria, lean em sua tradução literal, significa enxuto, nesta filosofia o empreendedor tem por objetivo reduzir desperdícios com tempo, dinheiro e mão-de-obra.
Para que isso efetivamente aconteça, todos os processos são revisitados na busca por falhas que atrapalhem o fluxo, o que evita retrabalho, melhora a qualidade dos produtos, diminui o prazo de entrega, reduzindo os custos significativamente. Porém, essa prática não acontece na maioria dos negócios existentes no mercado.
Muitos empreendedores acreditam que o estoque de produtos e de matéria-prima devem estar sempre cheios, que o longo tempo de produção de um determinado item é aceito por serem produtos desenvolvidos artesanalmente e que todos os custos são justificáveis, mas o que temos como resultado, são negócios que não conseguem entregar o produto ou serviço no prazo, com estoques cheios de itens que não serão produzidos e/ou vendidos e com fluxo de caixa negativo.
No entanto, empreender na atualidade tem sido desafiador e muitos destes empreendedores começaram a olhar para estes pontos com mais cautela, perceberam que a velocidade das mudanças no mercado está cada vez maior e que a necessidade do cliente mudou completamente.
Acreditar que menos é mais, requer mudanças profundas de valores e crenças. Em processos de consultoria, peço sempre para visitar o estoque do empreendedor, e é comum me surpreender com os excessos. Aliado a estes excessos, quando solicito a planilha de fluxo de caixa ou algum relatório que demonstre a saúde financeira do negócio, percebo que os desperdícios não estão presentes apenas em seus estoques, mas em vários âmbitos do negócio. Pois o desperdício é cultural.
A crença de que tudo é necessário, tudo é imprescindível, faz com que o empreendedor não consiga renunciar a determinadas contratações de serviços ou compra de itens que julgam ser indispensáveis para o funcionamento do negócio, acarretando aumento de custos. Isso também acontece em relação ao seu processo produtivo, em que ele mantém uma maneira de produzir algo, sem abertura para mudanças, quando poderia ganhar tempo otimizando todo o fluxograma.
Uma das maiores dificuldades que encontro nas reuniões com empreendedores, é justamente o momento em que começamos a discutir sobre quais produtos devem permanecer no portfólio e quais devem ser descontinuados após análise estratégica. Produtos com pouca demanda do mercado, com alto custo de matéria-prima, tempo de produção acima da média, precisam ser revistos, mas o empreendedor nem sempre está pronto para abdicar destes produtos e serviços criados por ele.
No pensamento lean, tudo é revisto, menos sempre será mais e os resultados dessas mudanças podem ser vistos nos fluxos de caixas futuros. Então, se você empreendedor quer reduzir os desperdícios do seu negócio, responda para si: dentro do meu negócio, o que é necessário e o que é dispensável? O que posso fazer de um jeito diferente? Quais despesas podem ser revistas?
Responder essas perguntas dará a você uma abertura para a mudança para a filosofia lean.