
Terça-feira, 8 de junho de 2021
Vou me apresentar para você, sou a Raquel, uma mulher empreendedora, com várias ambições e envolvida em muitas atividades, descobrindo novos hobbies e sigo na tentativa de uma vida mais equilibrada.
Sempre acreditei ser bobagem ter um diário ou caderno, para escrever sobre minhas emoções. Lembro que, vários terapeutas que passaram pela minha vida, me indicavam incluir a rotina do escrever e eu apenas ignorava.
Pois, bem! Aqui estou hoje, escrevendo em você pela primeira vez, na verdade, não sei se tenho que te tratar como um amigo, uma pessoa, ou simplesmente páginas em branco. Mas estou disposta a tentar, porque cheguei em um cansaço absurdo e não tenho com quem conversar.
Conversar não é bem o que eu quero, porque em uma conversa existe o ouvir e falar e eu quero apenas falar, desabafar, colocar para fora o que para mim, chegou no limite.
Sou formada em uma época, que os profissionais trabalhavam todos os finais de semanas, não sabiam o que era horário de almoço e férias era considerado coisa de marajá. Toda a dedicação da vida, deveria ser voltada ao trabalho, o que depois de um tempo, percebi gerar vários problemas emocionais e físicos, em colegas da profissão. Até que iniciou um movimento, de pessoas que dizem ser necessária uma vida mais leve e focada no bem-estar, com a busca de autoconhecimento, boa alimentação, exercícios físicos e espiritualidade.
Concordo muito com essa visão, que não podemos ter uma vida 100% focada no trabalho, entretanto venho sentindo, que de certa maneira, estou saindo de uma pressão e entrando em outra.
Enquanto tenho que estudar, trabalhar, ter um número grande de clientes, ser reconhecida no mercado, me manter sempre atualizada, preciso também, fazer terapia, entender quem sou, ter uma excelente alimentação, praticar exercícios físicos diários, viajar constantemente, ter férias previamente organizadas, não trabalhar nos fins de semana e pós-expediente, ter rotina com a família, ter um pet e respirar.
Isso tudo, tem me deixado angustiada, sinto uma pressão absurda no peito, então, os sabidos costumam indicar que eu vá fazer uma massagem, procurar por aromaterapia ou cromoterapia para aliviar essa tensão, mas o que penso é: mais uma coisa para fazer? Quando vou simplesmente parar e respirar? Quando vou conseguir não fazer nada?
Ai diário, não sei se já estou começando a nossa relação de um jeito pesado, no entanto, quero colocar para fora tudo o que está aqui parado há meses.
Como é possível conciliar isso tudo? Quem está certo ou está errado? Qual lado pender? Como ter equilíbrio em todas as questões, sem surtar?
Confesso que antes, quando ficava apenas focada no trabalho, me sentia muito menos cansada do que hoje, quando vejo que não consigo respirar, porque preciso equilibrar os pratos, para fazer um pouquinho de cada coisa.
Não era para ser tudo leve?
Pois, para mim, parece que tenho que manter alta produtividade, inclusive, no meu estilo de vida, constantemente.
Não posso relaxar, respirar, porque preciso ser a melhor em tudo. Existem por aí, listas e mais listas, do que é preciso fazer para se ter uma vida boa, mas será que eu não deveria apenas viver?
Para que aumentamos a complexidade das coisas, ao invés de facilitar o todo?
Me nego a ser uma pessoa de alto desempenho, cansei de ter que tirar dez em tudo, preciso apenas viver um dia após o outro, da melhor maneira possível, da melhor maneira que posso.
Ao escrever aqui, posso estar sendo contraditória com tudo isso que escrevi, mas a minha intenção é expor todas essas angustias e pressões que sinto, para que eu organize a minha linha de raciocínio e canalize minhas emoções. Não quero conversar com alguém e ouvir ainda mais conselhos.
Quero apenas escrever, sem pensar que alguém lerá este texto e que me dará uma nota para a minha desenvoltura, dizendo se estou ou não, sendo boa o bastante em escrever.
Escrever é o que queria e é o que fiz. Se continuarei nessa rotina? Não sei dizer, mas hoje foi exatamente o que eu queria fazer.
Até a próxima quem sabe.